quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Queda - As Últimas Horas de Joel

Ontem de tarde estava revendendo meus palpites sobre os resultados das oitavas. Errei quase a metade. Mas o que eu menos esperava errar, ainda mais depois do primeiro jogo, era o do confronto Flamengo e América. O time mexicano é o penúltimo do campeonato mexicano, possui um time fraco, recheado de medalhões, conta somente com o talento do goleiro Ochôa e a experiência do paraguaio rechonchudo, Cabañas.

Depois do jogo de ontem a noite, uma verdade já dita por tantos outros escritores passou pela minha cabeça. O futebol é uma caixinha de surpresas. Pela imprevisibilidade do seu jogo, o futebol se torna o esporte mais fascinante entre todos. Nada, absolutamente nada pode ser dito como certeza antes do apito final. A torcida do Flamengo sentiu ontem na pele uma sensação que nunca sentiu em toda sua gloriosa história. O salto-alto e a soberba superaram qualquer disciplina e talento que os jogadores rubro-negros possuíam. A festa de despedida para Joel se tornou um pesadelo. Jogadores chorando, torcedores revoltados, a diretoria estarrecida. O Maracanazzo voltava a acontecer 58 anos depois, agora com o Flamengo.

Contagiados pelo clima de festa, o time de Joel jogava como se estivesse numa partida comemorativa. Para não mudar muito do usual, Souza perdia gols a rodo. Eis que 20 minutos, num belo chute Cabañas abre o placar; 1x0 América do México. Logicamente que a torcida esperava que o time fosse controlar a partida e fazer o gol que praticamente acabaria com qualquer chance do América, certo? Certíssimo, somente a torcida. Os jogadores ainda estavam anestesiados pelas homenagens ao técnico que ia embora. Talvez o próximo baque os acordaria. Aos 38 Esqueda, em contra-ataque mortal amplia o placar. Como pode um time que joga com o resultado na mão, podendo perder de 2x0, leva um gol num contra-ataque absurdo? Ah, é o imponderável, segundo Kléber Leite.

No segundo tempo, a certeza de que um gol viria estava no grito da torcida. Porém a cada gol perdido por Souza e companhia a nação rubro-negra se irritava. Gritos de Obina começavam a ecoar no Maior do Mundo. Então o Anjo Negro da Gávea entra. Um alívio, Obina em campo é certeza de gol importante. Então passaram-se muitos minutos e as chances claras de gol que apareciam eram desperdiçadas. As trapalhadas de Souza tinham agora a companhia de Marcinho, Juan, Diego Tardelli (que o substituiu) e Obina. A torcida continuava a incentivar, mas a bola não entrava, o time não conseguia produzir. Num contra-ataque despretensioso, Cabañas sofre falta de Toró. Longe do gol. Muito difícil aquela bola entrar. Obina tratou de involuntariamente ajudar Cabañas. Num chute forte, a bola desviou no atacante e foi para as redes do goleiro Bruno. A tragédia parecia começar ali. No rosto dos jogadores flamenguistas, somente naquele instante parecia possível a eliminação. E melancolicamente ela veio. Com Juan perdendo a cabeça e sendo expulso. Bruno saindo chorando para os vestiários. Chrisitan sem palavras. Joel com os olhos marejados. Nem pela cabeça do mexicano mais otimista, a possibilidade da classificação era tomada como certa. O improvável, o imponderável (?), o impossível aconteceu.


O Flamengo foi do céu ao inferno em pouco mais de 90 minutos. Entraram em campo como campeões cariocas e pensando no confronto contra o Santos ou Cúcuta. Esqueceram que do outro lado existia um time que jogava futebol, tinha uma torcida apaixonada e história no futebol. Como de costume tudo no Flamengo toma uma proporção maior do que a real, e assim foi no jogo de ontem. O Flamengo entrou como campeão carioca, achando que tinha sido campeão do mundo. Esqueceu que todo adversário merece respeito. Esqueceu que não é maior que ninguém apesar da gigantesca torcida. Esqueceu do que aconteceu ano passado contra o Defensor.

Apesar do fiasco o time ainda tem um dos melhores elencos do Brasil e vai como um dos favoritos ao título do Brasileirão. Possui ótimos jogadores e um time bem montado por Joel Santana. Caio Júnior chega para impôr seu ritmo de trabalho e levantar a moral do grupo. Moral que até ontem estava nas alturas.

Vestido em um salto de altura impressionante, o manto rubro negro caiu de forma inesperada e vexaminosa. Um episódio inesquecível para a apaixonada torcida rubro negra. Por agora, o sonho da Libertadores acabou.
Ps: Assitam a ótima reportagem acima, as imagens dos jogadores e torcedores, mostra tudo. Sem contar as palavras ditas por Joel antes do jogo. Tudo em vão...

Um comentário:

Anônimo disse...

"Tu és time de fanfarrão,
No Maraca envergonhou a nação,
Adeus, Mengo!
Eu nunca vou me esquecer,
Cabañas acabou com você"


"E ninguém cala esse chororô,
Chora o Obina,
Chora o Bruno,
Chora o torcedor"



ME-RE-CI-DO! Muito merecido. Não que eu não goste do time, até porque é um dos favoritos para o Brasileirão, mas a torcida flamenguista merecia este tapa na cara. Subir no salto de 30 cm e desrespeitar achando que o jogo ja estava ganho, é inaceitável. Tão inaceitável que o América fez 3x0 e está classificado para as quartas de finais, podendo conquistar a taça que os flamenguistas tanto achavam que ja poderia ser deles.
Não é brinquedo não! A falta de senso nesse povo é demais. Pelo menos eles vão ficar caladinhos agora, ou será que, pra variar, vão inventar alguma desculpa?