Se a conquista de Ketleyn foi comemorada à exaustão, Leandro Guilheiro foi mais discreto. Medalhista em Atenas, o judoca brasileiro esperava o ouro. Vendo as lutas de Leandro é notável a sua superioridade, mas a luta contra o coreano foi atípica. Parecia briga de rua. Um mais nervoso e ancioso que o outro. Num 'encontrão' dos dois, o coreano levou a melhor. Leandro entrou por cima e o adversário por baixo. O brasileiro não conseguiu segurar e tomou o wazari. Como já estavam no 'golden score', Kichun Wang venceu. Como o próprio Leandro disse, aquela parecia ter sido a final antecipada. Na repescagem o brasileiro não reconheceu os adversários e passou facilmente; na disputa pelo bronze aplicou um dos mais belos 'yppons' dessa Olimpíada. Apesar de ser uma grande vitória (somente Aurélio Miguel e agora Tiago Camilo, tinham obtido duas medalhas olímpicas) a expressão de Leandro no pódio explica tudo: o bronze foi ótimo, mas ele foi para Pequim pelo ouro.
A minha primeira decepção nessas Olimpíadas se chama Tiago Camilo. Não quero menosprezar a sua conquista, de maneira alguma, mas Tiago tinha tudo para ser campeão. Dono de uma técnica e preparo físico invejáveis, o judoca era a minha maior esperança de ouro. Derly também poderia ser citado, mas o favoritismo de Tiago era maior. Campeão mundial, panamericano (7 lutas, 7 yppons em ambas competições) e eleito o melhor judoca do planeta em 2007, Tiago chegou até as quartas de final e perdeu para o alemão (em seguida seria campeão) Ole Bichof. Após levar um contra golpe e ter um wazari contra, Tiago partiu para cima tentando reverter o placar. Numa entrada do alemão que Tiago achava estar fora da área do tatame, Bishof derrubou o brasileiro e os juízes deram mais um wazari, totalizando assim um yppon. Na repescagem a estória foi quase a mesma de Guilheiro, não teve pra ninguém. Na disputa pelo bronze, o holandês Guillaume Elmont parecia nem querer lutar seriamente, assim como o brasileiro. Após levar um 'shido', punição por falta de combatividade, Tiago acordou e logo em seguida já estava com um wazari na frente. A conquista da medalha veio por uma imobilização.
Ano passado sediamos um panamericano no Rio de Janeiro, agora acompanhando as Olimpíadas, podemos ver a diferença de competitividade com o resto do mundo. Isso não quer dizer que as medalhas panamericanas não devam ser comemoradas, elas são de extremo valor para um país que investe porcamente na área esportiva; mas essa diferença de competitividade deveria aumentar os méritos de quem conquista uma medalha olímpica e não menosprezar a conquista de uma prata ou bronze.
Quase que eu ia esquecendo do principal assunto do blog: futebol. As meninas do Brasil fizeram uma paresentação um pouco melhor hoje, nada demais. Marta continua sumida e o time desorganizado. Cristiane parece que desencantou, vamos ver se puxa Marta junto com ela. O time vai enfrentar a Noruega na próxima fase, duelo complicado. Hoje a noite tem duas finais importantes para o nosso país. Kaio Márcio disputa os 200m borboleta (aposto nesse garoto) ao lado do mutante Phelps, e as meninas da ginástica fazem a final por equipes. Todos merecem sua atenção, não deixe de conferir.