Depois de semanas sem publicar estou de volta. Como de costume, comentando sobre a Libertadores da América. Ontem a noite, o Fluminense foi a Buenos Aires enfrentar o Boca Juniors, seis vezes campeão da competição. Voltou para o Brasil com um belo empate de 2 x 2 na bagagem e agora tem a vantagem do empate em 0 x 0 e 1 x 1.
Como era de se esperar, a pressão inicial do Boca foi avassaladora. A movimentação do ataque argentino confundia a zaga Tricolor. Riquelme era muito mal marcado por Arouca, Maurício não conseguia cobrir as costas de Gabriel e Cícero e Jr. César não defendiam bem do lado esquerdo. A marcação do Fluminense era falha e a superioridade era evidente. Apesar da pressão nos primeiros minutos ser enorme, nas chances que tinha de atacar o Fluminense não vacilava e mostrava-se perigoso nos contra-ataques. Apesar disso, o time não suportou a pressão e sofreu o primeiro gol. Numa saída de bola errada, Riquelme tomou a bola, passou para Palermo que deu passe magistral para Riquelme botar nas redes.
Não fosse a reação relâmpago do Tricolor (tal qual no jogo contra o São Paulo) a situação poderia piorar. Naõ desistindo do ataque, Thiago Neves recebeu falta na lateral direita da área do Boca. Ele mesmo cobrou na cabeça de Thiago Silva que subiu muito e fez o primeiro gol do Fluminense em território argentino. Após o gol, o time do Rio recuou um pouco mais, porém continuava a querer jogar futebol. Todas as oportunidades de ataque, tentava chegar ao gol adversário, sem catimbar ou desistir do jogo. Mesmo com toda a raça brasileira, o time argentino era muito melhor. A fraca marcação do Flu deixava Riquelme com muita liberdade para brilhar. Os passes rápidos mostravam o entroisamento de um time que joga há quase 2 anos juntos. Olhando pausadamente alguns lances do Boca, pode-se perceber que alguns jogadores (principalmente o trio Palermo-Palacio-Riquelme) nem sequer olham para os companheiros para tocar a bola, já sabem o posicionamento deles em campo.
No segundo tempo, o time brasileiro recuou muito, a pressão do Boca tornou-se impressionante. O gol ia se desenhando aos poucos. Arouca não ganhava uma de Roman. Apesar de acertar um pouco mais a marcação e diminuir os espaços deixados nas costas dos laterias, o time abdicou do ataque. Errava as saídas de bola e não conseguia diminuir a pressão do Boca. Num lance na frente da área, o árbitro acusou mão de Jr César. Decisão errada e tomada no "grito". A pressão sobre a arbitragem é grande, dificilmente um árbitro teria uma boa atuação numa partida como aquela. Riquelme demorou 2 minutos para bater a falta. Contou com desvio de Cícero e Romeu. E marcou o seu segundo gol. O estádio Avellaneda explodiu. No meio dessa empolgação de sua torcida, o técnico Carlos Ichia modificou o time e colocou um time mais ofensivo, buscando uma vitória mais expressiva. Para buscar o resultado o Fluminense voltou a jogar futebol. Ainda sofria pressão do adversário, mas conseguia chegar à área. Thiago Neves chegou em lance perigoso; chutou para a defesa de Miglori, que espalmou para o chute de Washington. O camisa 9 chutou mal para nova defesa do arqueiro argentino. Em outro lance, Jr César fez bela jogada pela esquerda e cruzou para Washington finalizar em cima de Miglori. A insistência Tricolor surtiu efeito, e aos 31 minutos, num chute de Thiago Neves, Miglori falhou bisonhamente. O empate estava feito 2 x 2.
Foi um belíssimo jogo. Não só por serem dois grandes times, mas por possuírem grandes jogadores. Riquelme encantou a qualquer um que gosta de um bom futebol. Jogou muito. Armou jogadas, marcou gols, fez a diferença. A marcação de Arouca não teve nenhum efeito em seu rendimento. Nem mesmo quando tinha três jogadores na cola, ele conseguia se livrar; muitas vezes com seus precisos toques de primeira. Do lado Tricolor, os Thiagos e o goleiro (quem diria) foram os destaques. Depois de inúmeras partidas sem se apresentar bem, Thiago Neves jogou bem. Chamou o jogo, partiu para cima, ajudou na marcação e não amarelou. Thiago Silva foi o de costume: essencial. Além de ajudar a zaga com uma atuação sempre segura, fez o primeiro gol da história do Fluminense na Argentina. Fernando Henrique é que foi o maior destaque. Fez defesas monumentais e importantíssimas para a manutenção do resultado. Especialmente numa cabeçada de Chavez e num chute de Palacio, o camisa 1 Tricolor, mostrou serviço.Mesmo com a obtenção desse grande resultado, o Fluminense tem um desafio ainda maior na quarta-feira que vem. Todos sabem que o Boca joga muito bem fora de casa. Os resultados contra o Altas e o Cruzeiro mostram isso. Jogar com inteligência e sem se afobar será essencial para conseguir uma vaga na final.
O Fluminense está a um jogo de chegar a decisão da Libertadores, basta um empate sem gols. Aliás, até com 1 x 1 dá Flu na final. Falando assim parece fácil. Poderia até ser, se o adversário não fosse o Boca. O último time brasileiro a eliminar os argentinos em uma Libertadores foi o Santos de Pelé em 63. São 45 anos de escrita.
Mais uma vez a toricda deve comparecer e o time tem que corresponder. Não bastará jogar como jogou na Argentina; o Flu terá que se superar novamente para derrotar o Boca. Sem medo e com muita raça. Somente assim poderemos ter um brasileiro na final. Quarta feira que vem nos vamos descobrir.
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